C A H E R J

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Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estudo afirma que quem é voluntário vive mais

A pesquisadora Sarah Konrath, da Universidade de Michigan

http://portaldovoluntario.v2v.net/blogs/112818/posts/12540


Além de fazer bem para quem precisa, realizar atividades voluntárias aumenta a expectativa de vida, mas somente quando o voluntário tem em mente melhorar a vida alheia e não só a sua. Esta é a conclusão de um estudo liderado por Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis, pesquisadoras do Programa Interdisciplinar de Empatia e Altruísmo da Universidade de Michigan (EUA). Em entrevista ao Portal do Voluntário, elas explicam a relação entre longevidade e voluntariado.
A pesquisa analisou dados de 10 mil pessoas. Os números mostraram que as pessoas que se tornaram voluntárias por desejarem ajudar o próximo viveram, em média, quatro anos mais do que quem se dedicou ao voluntariado por razões definidas como “egoístas” (por exemplo, melhorar o currículo, aprender uma nova ativdade etc). Este grupo, aliás, não tem benefícios de saúde quando comparado com aqueles que não são voluntários.
As razões para a longevidade, de acordo com as pesquisadoras, são fisiológicas (o voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse) e sociais (geram sensação de bem estar e podem diminuir a sensação de rotina), mas envolvem outras questões, que podem ser conhecidas na entrevista abaixo:
O estudo busca ligar voluntariado e longevidade. Quais são as conclusões?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Descobrimos que adultos mais velhos, que realizam atividades voluntárias, vivem mais, porém este efeito é gerado por aqueles que são voluntários por querer ajudar os outros. Essas pessoas têm propensão a viver quatro anos mais que os não voluntários, enquanto pessoas que se voluntariam para beneficiar principalmente a si mesmas não vivem mais que não voluntários.
Por que escolher essas variáveis para conduzir o estudo? Qual a importância delas?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Nossa equipe recentemente descobriu que traços de empatia estavam ficando menos comuns entre universitários americanos nos últimos anos (a pesquisa pode ser lida aqui). Quando falamos com as pessoas sobre essas descobertas, muitos dizem que não faz sentido, pois a quantidade de gente fazendo atividades voluntárias parece ter se mantido ou mesmo crescido entre os jovens. Começamos a pensar sobre as razões que as pessoas têm para se dedicar ao voluntariado e como algumas vezes nos voluntariamos para obter benefícios pessoais. Foi natural examinar se esses motivos afetam a saúde.
Quais são, então, as características daqueles que são voluntários e vivem mais?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Em nossa análise, controlamos estatisticamente todos os tipos de variáveis que podem influenciar a longevidade, como idade, gênero, estado civil, saúde mental e física etc. Descobrimos que a motivação para o voluntariado importa mesmo quando todos esses fatores são considerados. Em outras
 
A co-autora do estudo,
Andrea Fuhrel-Frobis
palavras, não basta dizer que esses voluntários são mais saudáveis ou conectados à sociedade —eles simplesmente têm razões voltadas para os outros na hora de decidir ajudar terceiros.
Qual a relação entre o voluntariado e a vida mais longa, afinal? Qual o mecanismo por trás disso?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: As pessoas que ajudam outras por motivos altruístas como verdadeiramente ajudar terceiros, em oposição ao voluntariado para “sair de casa”, diminuem a reação cardiovascular e aumentam a produção de hormônios protetores como a oxitocina. Chamamos este conjunto de reações fisiológicas de “sistema de acolhimento”, pois é similar ao do cuidado da mãe com crianças. A ativação constante desse sistema provavelmente enfraquece os efeitos negativos de longo prazo do estresse, que são ligados a todo tipo de doença grave, como males cardiovasculares e câncer.
O voluntariado pode ser visto como uma troca e não só uma forma de ajudar o outro?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Racionalmente, o voluntariado envolve o fornecimento de um serviço a outra pessoa. Algumas vezes, oferecer este serviço possui custos para o voluntário -toma tempo e energia e pode ser estressante. É natural as pessoas pesarem custos e benefícios antes de decidirem ajudar. Apenas esperamos que as pessoas decidam voluntariar e que a razão que as mova seja predominantemente ajudar aos outros.
O que uma campanha de estímulo ao voluntariado deve focar?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Não há provas empíricas mostrando que as pessoas que são voluntárias pensando nos outros têm mais benefícios físicos, mas sentimos que as campanhas de recrutamento deveriam focar mais em como os voluntários podem ajudar a fazer a diferença na vida alheia do que no que eles podem receber como resultado da atividade.