No
início do ano novo, perdemos um amigo de longa data que nos era muito
querido. Ele era pastor e pastoreou uma igreja em que congregávamos há
mais de 20 anos atrás.
Essa triste ocasião me fez pensar no significado da morte para o crente.
Sempre
que uma pessoa querida morre, sentimos uma sensação indescritível de
vazio e perda. Parece mentira que a pessoa realmente se foi para sempre e
que não a veremos mais. Ver inerte em um caixão o corpo de quem outrora
sorria e conversava conosco, é uma das coisas mais cruéis de se
vivenciar.
Mas por que a morte para nós é tão ruim? Será que ela é o fim de tudo?
Os espíritas acreditam que cada pessoa morre e reencarna diversas vezes. Segundo a Bíblia, essa crença é falsa, pois “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo”
(Hebreus 9.27). Na verdade, se esse ensinamento fosse real, seria mesmo
muito cruel que cada pessoa tivesse de enfrentar a morte diversas
vezes.
Os
católicos creem que quando a pessoa morre vai para o purgatório, para
terminar de pagar pelos pecados que cometeu em vida, antes que possa ir
para o Paraíso. Por isso, eles rezam pelas almas dos mortos, acendem
velas em seus túmulos e até conversam com eles, pois acreditam que os
que morreram podem nos ouvir aqui e interceder por nós no outro mundo.
O
ensinamento bíblico é totalmente diverso da doutrina católica. Sabemos
que, o que tivermos de fazer por alguém, devemos fazê-lo enquanto a
pessoa ainda está viva. Depois que a pessoa morre, não adianta chorar no
velório, fazer declarações de amor, levar flores ou ajudar a carregar o
caixão. Quem morreu não sabe quem foi ou deixou de ir ao velório,
tampouco pode ouvir o que se passa aqui entre os vivos. Claro que nós
procuramos dar ao falecido um enterro digno, comprar um caixão bonito e
também coroas de flores para acompanhar o velório, mas todas essas
coisas, na verdade, são feitas por causa dos que ficam, para satisfazer a
consciência dos parentes e amigos, pois ninguém tem coragem de pegar o
corpo de alguém que amava e simplesmente jogar no rio.
Eu
me pergunto como o pessoal da Confissão Positiva explica a morte. Se a
doutrina deles fosse realmente verdadeira, qualquer um que não quisesse
morrer ou não quisesse que alguém morresse, só precisaria ficar
“profetizando” vida e tudo estaria resolvido. Mas a verdade é que a
Confissão Positiva não passa de uma tremenda bobagem e que não tem
nenhum apoio nem embasamento da Bíblia. Nenhum de nós tem poder sobre a
morte.
Mas
a questão é que, além da saudade que fica, será que podemos ter algum
outro tipo de sentimento diante do falecimento de uma pessoa querida?
Devemos nos desesperar pelo fato de não vê-la nunca mais, ou nos
apegarmos à esperança de um reencontro?
Depois
que Jesus morreu, seus discípulos ficaram muito tristes e desiludidos.
Muito provavelmente, eles pensaram que haviam crido em vão quando
resolveram seguir a Cristo. Em Lucas 24.13-35, vemos indícios dessa
decepção na conversa que se passava entre dois discípulos que seguiam
pelo caminho de Emaús. Era já o terceiro dia depois da morte de Jesus e
eles pensavam que o Mestre ainda não havia ressuscitado e muito
provavelmente nem ressuscitaria. De tão desolados que estavam, não se
deram conta de que o terceiro viajante que se pôs a conversar com eles
no caminho era o próprio Cristo ressurreto!
O
apóstolo Paulo nos ensina claramente que, assim como Cristo
ressuscitou, todos os que morrem nEle serão da mesma maneira
ressuscitados: “Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos” (2Timóteo 2.11).
Em 1Tessalonicenses 4.13-18, Paulo nos ensina sobre a doutrina da ressurreição dos mortos:
“Irmãos,
não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que
não se entristeçam como os demais que não têm esperança. Se cremos que
Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e
com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do
Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do
Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem,
com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor
descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois
nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens,
para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor
para sempre. Consolem-se uns aos outros com essas palavras.” (NVI)
Dessa
forma, a Bíblia deixa claro qual deve ser o nosso sentimento com
relação aos queridos que já morreram: esperança. Se Jesus morreu e
ressuscitou, os que morrem com ele também serão ressuscitados.
Segunda Timóteo 1.10 nos ensina que Cristo aboliu a morte: “Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.” (NVI)
Vejamos ainda o que Paulo diz em 1Coríntios 15.51-55:
“Eis
que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da
última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão
incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo
que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é
mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém o que é corruptível se
revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade,
então se cumprirá a palavra que está escrita: 'A morte foi destruída pela vitória'. 'Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?' (NVI, grifo meu)
A ressurreição de Cristo é o que nos dá esperança diante da morte! Em 1Coríntios 15.12-27, Paulo ainda nos ensina que, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (vv. 19). Mas a verdade é que Cristo ressuscitou, e assim a nossa fé não é vã!
Aquele
que morre com Cristo, já venceu o último inimigo que tinha para ser
aniquilado (1Coríntios 15.26), e está apto para receber a coroa da
justiça (2Timóteo 4.8). Então, não haverá mais morte (Apocalipse 21.4)
nem separação.
Sabemos,
assim, que nem mesmo a morte pode nos separar do amor de Deus (Romanos
8.38) e que as nossas vidas estão escondidas com Cristo em Deus
(Colossenses 3.3).
A
Palavra do Senhor nos traz o consolo necessário diante da morte de
alguém querido. Para o crente, a morte não representa um adeus, mas um
até logo.
Gostaria de terminar esta reflexão com a letra de um hino do Grupo Logos:
Quando eu penso nas pessoas que eu amo
E que muitas delas não caminham mais
Pelas ruas de nossa cidade,
Nem habitam mais em nossas casas
E nem ouvem mais o nosso canto
Mas residem, para sempre, em nossa saudade...
Quando penso... tantas mãos que hoje faltam,
Tantos risos apagados...
Que é em vão guardar pedaços de recordações
Eu me agarro à esperança de nos vermos
Caminhando pelas ruas de cristal
Na cidade eterna, onde não haverá adeus.