C A H E R J

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Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A FUNDAÇÃO DA IGREJA _ Espístola aos Romanos _ anotações

EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS 

A FUNDAÇÃO DA IGREJA

A história real da fundação da igreja em Roma perdeu-se para nós. Não existe nenhuma referência direta, no Novo Testamento, acerca dela nas cartas de Paulo, e Pedro também silencia sobre ela. Clemente de Roma não escreveu acerca da fundação dessa igreja, embora ele tenha escrito que Paulo e Pedro, ambos, foram martirizados lá. Eusébio preserva uma tradição de Irineu, de que
Paulo e Pedro juntos fundaram a igreja; mas está evidente em Atos e nas epístolas paulinas que Paulo não participou nessa fundação. As palavras de Irineu dificilmente podem significar outra coisa senão que Paulo e Pedro estiveram em Roma durante a época da perseguição neroniana (64-68 d.C.) e
foram instrumentos no fortalecimento da fé dos crentes romanos durante aqueles anos terríveis e difíceis. A tradição mais provável é preservada por um escritor do quarto século, cujo nome é Ambrosiaster, ele próprio um membro da igreja em Roma, que, num comentário sobre a Epístola aos Romanos, escreveu que estes haviam aceitado a fé cristã (ainda que de acordo com o tipo judaico) sem o trabalho de qualquer apóstolo ou por milagres entre eles. Isto parece representar uma tradição autêntica, pois, se um apóstolo tivesse estado presente nessa fundação, a igreja em Roma teria preservado tal informação indubitavelmente mediante a exclusão de qualquer documento que
negasse a presença de um apóstolo. Que uma igreja poderia ser fundada sem a presença de um apóstolo está claro na narrativa de Atos 11:19-22, sobre a igreja em Antioquia da Síria. A tentativa de se colocar Pedro em Roma antes de Paulo é considerada desespero de causa, e ela é rejeitada, de maneira certa, por praticamente todos os estudiosos do Novo Testamento hoje. A observação de Lucas, em Atos 12:17, sobre a ida de Pedro "para outro lugar", foi entendida, pelos escritores católicos romanos mais conservadores, como significando sua ida a Roma por volta de 44- 45 d.C. Contudo, Pedro esteve em Jerusalém logo depois (At. 15; Gál. 2) e em seguida em Antioquia. Em Romanos 16 Paulo parece tentar encontrar todo elo possível entre si e a igreja em Roma, e Pedro em nenhuma parte é mencionado nesta carta. Paulo também afirma que ele evitava edificar sobre alicerce de outrem (Rom. 15:20). Isto claramente indicaria que Pedro não esteve em Roma antes da ocasião da escrita desta carta. Pedro também mencionado não é mencionado em nenhuma das epístolas da prisão nem em II Timóteo. Paulo era um escritor cuidadoso demais, para omitir um fato tão evidente. Se Pedro estava lá quando Paulo chegou, o silêncio de Atos é espantoso. Se Pedro estava lá quando as epístolas da prisão foram compostas, o silêncio é admirável. Se Pedro estava lá antes ou durante o segundo aprisionamento de Paulo em Roma, o silêncio de II Timóteo é inexplicável. Portanto, é de maneira geral aceito por todos os estudiosos do Novo Testamento, incluindo os católicos romanos, que Pedro não foi a Roma para fundar a igreja. Mas é igualmente aceito, mesmo por eruditos protestantes, que Pedro foi a Roma pouco antes de sua morte em 68 d.C. A tradição preservada por Ambrosiaster, de que a fé cristã da igreja em Roma era do tipo judaico, confirma as palavras de Atos 2:10, que havia judeus de Roma em Jerusalém no Pentecostes.
É bem sabido que havia uma colônia de cerca de 40.000 judeus em Roma, com suas sinagogas, durante o primeiro século. Muitos dos judeus devotos fariam a viagem a Jerusalém para os importantes festivais judaicos, dois dos quais eram a Páscoa e o Pentecostes. De Atos 2, deve-se concluir que alguns deles se converteram e retornaram a Roma, levando os elementos básicos do evangelho consigo, e, assim, formando o núcleo de uma igreja. As viagens de Roma e para Roma eram comuns, e pareceria provável que os crentes chegariam a Roma com maiores informações sobre o cristianismo, ou que os crentes de Roma viajariam para Jerusalém e de Jerusalém, para aprender mais acerca de seu Salvador e sua nova fé. A perseguição que se seguiu à morte de Estevão deu ímpeto à expansão do cristianismo (At. 8:4; 11:19), e, assim como alguns foram para Antioquia da Síria, certamente outros teriam fugido para Roma. Pelo fato de que Antioquia era uma tão importante cidade comercial, havia comunicação constante entre ela e Roma. Por esta razão, o evangelho pode ter ido à parte oeste, desde Antioquia, com discípulos não identificados, assim como foi para o leste, com Barnabé, Paulo e Silvano.
A melhor solução para o problema acerca da fundação da igreja em Roma é que discípulos não identificados, aqueles que se converteram no Pentecostes (At. 2), retornaram a Roma com os elementos básicos do evangelho, formando o núcleo de uma igreja. Com as viagens constantes entre Roma, Antioquia e Jerusalém, a igreja cresceu tanto numericamente quanto na fé e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo.

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