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Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Resumo dos capítulos 27 e 28 do livro Teologia do Novo Testamento, George Eldon Ladd


Resumo do livro Teologia do Novo Testamento capítulos 27 e 28, George Eldon Ladd

Palavras-chave: Judeu, Jerusalém, Cristão.

            A vida e o ministério de um fariseu convertido, Paulo é a mais notável interpretação do significado da pessoa e do trabalho de Jesus no Novo Testamento.  Sendo um homem de três mundos: judaico, helenístico e cristão.  Em relato próprio em atos 22:3, declara haver sido “criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais”.  Uma declaração que afirma que Paulo estudou em Jerusalém, na escola do famoso rabino Gamaliel.
            Paulo estava também familiarizado com o mundo grego, e fundou sua missão estendendo a Igreja através do mundo grego-romano e interpretando o evangelho de uma forma que fosse compatível com a cultura helenística.  Paulo era conhecedor  da língua grega, e suas metáforas literárias refletem mais a vida urbana do que um ambiente rural.
            Embora se acredite que a conversão de Paulo só pode ser explicada pala confrontação real com Jesus ressuscitado, não se pode concluir que ele tenha necessariamente recebido sua teologia completa em Damasco, e tampouco podemos limitar as origens de seu pensamento ao Antigo Testamento e aos ensinamentos de Jesus.  Ao contrário, parece que Paulo estava preparado como teólogo judeu para pensar sob a orientação do Espírito Santo, nas implicações do fato de que Jesus de Nazaré crucificado era de fato o Messias e o Filho de Deus ressurreto, que fora elevado ao céu.  Isso levou a muitas conclusões radicalmente diferentes daquelas que mantinha como judeu, entre as quais a mais notável é sua nova – e bastante não judaica – interpretação do papel da lei.
            Diante do fato do próprio Paulo afirmar que recebeu uma educação teológica rabínica antes de tornar-se cristão, a abordagem correta pareceria aceitar essa afirmação e interpretar o pensamento Paulino de acordo com um fundamento judeu, porém ter em mente, nos pontos mais importantes, a possibilidade de influências helenísticas ou protognósticas.
            Paulo era um monoteísta inflexível (Gl.3.20;Rm3:30) e rejeitava severamente a religião pagã (Cl. 2.8), a idolatria (1 Co. 10:14,21) e imoralidade (Rm.1:26).  Considera o Antigo Testamento como Sagrada Escritura (Rm. 1.2; 4:3), a Palavra de Deus divinamente inspirada (2 Tm 3:16).  O método de Paulo, de interpretação do Antigo Testamento, o coloca na tradição do judaísmo rabínico.
            Como rabino judeu, Paulo partilhava, inquestionavelmente, a fé judaica da centralidade da lei. Mesmo após converter-se ao cristianismo, afirmou que a Lei é espiritual (Rm 7:14), santa, justa e boa (Rm. 7:12); e nunca questionou a origem divina e a autoridade da Lei.
            Como um rabino judeu, zeloso pela Lei, Saulo estava igualmente entusiasmado em exterminar esse novo movimento religioso que exaltava a memória de Jesus de Nazaré.  O livro de Atos atesta que Paulo estava em Jerusalém e, de algum modo, participou da morte de Estevão (At. 8.1); e as próprias palavras de Paulo demonstram que ele foi levado pelo fervoroso propósito de aniquilar o movimento representado por Estevão (Gl. 1:13; 1 Co 15:9; Fp 3:6).
            Algo aconteceu e provocou uma transformação completa na perspectiva de Paulo.  Três fatos característicos em sua missão apostólica: ele proclamou o Cristo, que antes perseguira; estava convicto de que era sua missão particular levar o evangelho aos gentios; e pregou a justificação pela fé em completo contraste com as obras da Lei e sem levá-las em consideração.  O próprio testemunho de Paulo não retrata um contexto de angústia, desespero ou vacilação em suas convicções judaicas.  Sua conversão foi uma inversão abrupta de sua atitude anterior para com Jesus, seus discípulos e a Lei; e muitos estudiosos abandonaram a explanação psicológica e aceitam o testemunho Paulino, embora não consigam explicá-lo.
            A conclusão de que Jesus era o Messias prometido no Antigo Testamento exigiu que Paulo fizesse uma revisão sobre seu entendimento da história da redenção.  Ele continuou a esperar pelo Dia do Senhor, pela aparição do Messias em poder e glória para estabelecer  seu Reino escatológico.  Paulo não abandonou o esquema judaico das duas eras e do caráter mau da era presente ( Gl. 1:4).
            Paulo faz um contraste ente a morte, que entrou neste mundo por meio de um homem, e a ressurreição dentre os mortos, que também entrou neste mundo por intermédio de um homem.  A ressurreição acontece em diferentes estágios: Cristo, as primícias, é o primeiro estágio da ressurreição; o segundo estágio consistirá daqueles que pertence a Cristo na sua vinda.  Paulo descreve a vida no Espírito como uma realidade escatológica.  O Antigo Testamento considerava o derramamento do Espírito sobre toda a carne como um evento escatológico, que seguiria o Dia do Senhor vindouro, o julgamento messiânico e a salvação.  Para Paulo, a completa experiência da vida do Espírito Santo era um evento escatológico futuro associado à ressureição, quando os mortos em Cristo se levantarão com “corpos espirituais”
            A conversão de Paulo, para ele mesmo, a conclusão de que, de certa forma real, os eventos escatológicos haviam começado, porém dentro da história – dentro desta era demoníaca atual. 
            O novo entendimento de Paulo sobre a história da redenção está resumido em 2 Coríntios 5:16-17: “Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo.  Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. 
            A teologia de Paulo é a exposição dos novos fatos redentores; a característica comum em todas suas idéias teológicas é seu relacionamento com o ato histórico de Deus da salvação em Cristo.   Em suma, Paulo encontrou uma nova compreensão da revelação; ou melhor, recuperou o entendimento profético da revelação com eventos redentores divinos, interpretados pela palavra profética: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” ( 2 Co. 5:19).  A conversão de Paulo representou uma recuperação do sentido da história liberta doura que o judaísmo havia perdido.  A experiência que teve com Cristo impulsionou-o para além da Lei Mosaica, para redescobrir a promessa feita a Abraão e ver seu cumprimento nos eventos recentes, na pessoa e na obra de Jesus.
            Atualmente, nove das treze epístola paulinas tradicionais são geralmente aceitas como autênticas.   Não podemos,  falar da teologia de Paulo como um sistema abstrato, teórico, especulativo; mas podemos reconhecer uma teologia paulina como uma interpretação do significado da pessoa e da obra de Cristo em sua importância prática para a vida cristã, tanto individual como coletivamente.  É, pois, inadequado distinguir entre a teologia de Paulo e sua religião, como se a primeira fosse especulativa e a segunda, prática.  Para Paulo, a teologia e a religião são inseparáveis.  Paulo era um pensador teológico, para quem os “conceitos” teológicos eram fatos a respeito de Deus, da humanidade e do mundo, que descreviam o estranhamento do mundo para com Deus e a obra de Deus em Cristo para trazer o mundo de volta a si.
            As fontes do pensamento de Paulo são situações completamente históricas e têm que ser estudadas nesse contexto.  O método “texto-de-prova” para interpretar as cartas de Paulo, que as encara como revelações diretas do poder sobrenatural de Deus, pois fornecem aos homens verdades eternas, atemporais, que apenas precisam ser sistematizadas para produzir uma teologia completa; obviamente ignora os meios pelas quais Deus ficou satisfeito ao dar sua Palavra aos homens.
            O senso de autoridade de Paulo não é particularmente seu, mas foi-lhe conferido, como apóstolo, pelo Senhor.  É como apóstolo,  que Paulo reivindica uma alta autoridade.  Sua experiência no caminho de Damasco não apenas o fez reconhecer Jesus como o Messias ressuscitado e glorificado; mas também continha uma chamada de Deus a uma missão particular.  Esse fato está registrado nos relatos da conversão em atos (9:15-16; 22:15) e é confirmado pelas próprias.  Deus havia separado, antes de nascer, para pregar o evangelho aos gentios.  A consciência do cumprimento de uma missão ordenada por Deus está em todas correspondência.  Ele era o apóstolos dos gentios e ampliou seu ministério para iniciar a fé, e os judeus (Rm. 11:13).
            Como apóstolo, Paulo não mantinha uma autoridade exclusiva, mas uma autoridade que dividia com os outros apóstolos.  O fato singular no apostolado de Paulo foi sua missa distintiva para com os gentios.  

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