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Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Papel do assistente espiritual na equipe de Cuidados Paliativos

Papel do assistente espiritual na equipe de Cuidados Paliativos
Por: Eleny Vassão de Paula Aitken
Manual de cuiddos paliativos / academia Nacional de Cuidados Paliativos - 2009



A morte alcança todo ser vivente, mas nunca estamos preparados para aceita-la.  Criados para a vida, alimentamos a esperança de perpetuá-la. Por essa razão é tão difícil lidar com pacientes em processo de morte.  Mesmo sendo quase uma rotina no hospital, nunca nos acostumamos com ela.
O sofrimento e a proximidade da morte fazem-nos reavaliar a vida, enfocando nossas mentes em seus valores essenciais:  Valeu a pena?  Qual foi o meu saldo?  Estou deixando saudades?  O que realizei deu sentido à minha vida e à de outros?  Para onde irei depois da morte?  Que legado estou deixando?
Quando Deus é conhecido pessoalmente, fazendo-nos sentir Seu amor, misericórdia e graça, sendo parte de cada detalhe de nossos dias, a vida não acaba com a morte; a esperança vai além: dignidade, qualidade de vida, utilidade, paz e alegria permanecem até mesmo à sombra da morte.
Com a introdução do conceito de Cuidados Paliativos, princípios claros publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1990 e reafirmados em 2002 vieram reger as suas atividades.  O cuidado espiritual atende a cada um deles, ajudando a promover o alívio da dor e de outros sintomas estressantes; reafirmando a vida e vendo a morte como processo natural; integrando aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado; oferecendo um sistema de suporte para auxiliar o paciente a viver tão ativamente quanto possível até a morte e amparando a família durante todo o processo da doença.
Para que haja condições de oferecer este cuidado integral ao enfermo e a sua família, torna-se muito importante a intervenção do capelão e de sua equipe de capelania, também chamados de assistentes espirituais.
Em 2005, o Comitê das Organizações de acreditação dos Cuidados em Saúde (JCAHO), notando que os valores espirituais dos pacientes afetavam a maneira como respondiam ao tratamento, incluiu uma norma de acreditação requerendo das instituições de saúde que tratassem das necessidades espirituais dos doentes.
Quando se fala sobre religião e espiritualidade, pode-se pensar na religião como associada a comunidades religiosas organizadas, artefatos e escrituras, com regras e mandamentos, oficiais treinados, cerimônias e dogmas.  A espiritualidade tende a ser experimentada como algo mais caloroso e espontâneo, e está associada a amor, inspiração, integralidade, profundidade e ministério, sendo mais caráter pessoal.
Crenças religiosas estão relacionadas com melhores saúde e qualidade de vida.  Estudos cientificios (1,2) têm identificado uma relação contrária entre depressão e religiosidade.  Esses estudos afirmam também que ter uma religião e/ou pertencer a um grupo religioso melhora o suporte social e a saúde física, diminuindo os gastos com a enfermidade.  Para o cuidado integral de paciente e sua família, tanto uma coisa como a outra são necessárias: o atendimento espiritual, individual e diário, trará ao enfermo e a seus queridos ouvidos atentos condições para reflexões profundas sobre questões existenciais; confrontos e desafios quanto a propósito de vida, perdão, acerto de contas, vida eterna, qualidade e utilidade de vida.
Apoiado na fé em Deus e no suporte da comunidade religiosa, o paciente experimentará maior bem-estar, senso de pertencer, ser amado, ter dignidade e paz, além da certeza de que será acompanhado até o fim de seus dias.  O fato de saber que sua família continuará recebendo suporte, conforto no  luto e amparos social, emocional e espiritual ajudará ao enfermo a ter paz.
Oferecer o atendimento espiritual como parte do serviço de saúde é permitir ao beneficiado expressar seus sentimentos e emoções conversando abertamente sobre a morte e o morrer e ajudando-o a participar de todas as decisões referentes a seu tratamento e aos desejos finais.
O Cuidado Paliativo reconhece que as "curas espiritual e emocional" podem ocorrer mesmo quando a física e/ou a recuperação se tornam impossíveis.  Muitas pessoas gravemente enfermas ou em fase terminal falam sobre terem descoberto uma riqueza e o preenchimento do vazio de sua vida, que elas nunca haviam encontrado antes.
A equipe de saúde também será muito beneficiada ao receber o suporte do capelão em situações de estresse pessoal ou na tomada de decisões em questões de bioética, envolvendo dilemas de fim de vida de seus pacientes.

Referências
    1. KOENIG, H.; LEWIS, G. The healing connection. Nashville: Word Publishing, 2000.
    2. KOENG, H.G., M.D. The healing power of Faith. New York: Touchstone, 2001.
















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