C A H E R J

C A H E R J
Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estudo afirma que quem é voluntário vive mais

A pesquisadora Sarah Konrath, da Universidade de Michigan

http://portaldovoluntario.v2v.net/blogs/112818/posts/12540


Além de fazer bem para quem precisa, realizar atividades voluntárias aumenta a expectativa de vida, mas somente quando o voluntário tem em mente melhorar a vida alheia e não só a sua. Esta é a conclusão de um estudo liderado por Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis, pesquisadoras do Programa Interdisciplinar de Empatia e Altruísmo da Universidade de Michigan (EUA). Em entrevista ao Portal do Voluntário, elas explicam a relação entre longevidade e voluntariado.
A pesquisa analisou dados de 10 mil pessoas. Os números mostraram que as pessoas que se tornaram voluntárias por desejarem ajudar o próximo viveram, em média, quatro anos mais do que quem se dedicou ao voluntariado por razões definidas como “egoístas” (por exemplo, melhorar o currículo, aprender uma nova ativdade etc). Este grupo, aliás, não tem benefícios de saúde quando comparado com aqueles que não são voluntários.
As razões para a longevidade, de acordo com as pesquisadoras, são fisiológicas (o voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse) e sociais (geram sensação de bem estar e podem diminuir a sensação de rotina), mas envolvem outras questões, que podem ser conhecidas na entrevista abaixo:
O estudo busca ligar voluntariado e longevidade. Quais são as conclusões?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Descobrimos que adultos mais velhos, que realizam atividades voluntárias, vivem mais, porém este efeito é gerado por aqueles que são voluntários por querer ajudar os outros. Essas pessoas têm propensão a viver quatro anos mais que os não voluntários, enquanto pessoas que se voluntariam para beneficiar principalmente a si mesmas não vivem mais que não voluntários.
Por que escolher essas variáveis para conduzir o estudo? Qual a importância delas?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Nossa equipe recentemente descobriu que traços de empatia estavam ficando menos comuns entre universitários americanos nos últimos anos (a pesquisa pode ser lida aqui). Quando falamos com as pessoas sobre essas descobertas, muitos dizem que não faz sentido, pois a quantidade de gente fazendo atividades voluntárias parece ter se mantido ou mesmo crescido entre os jovens. Começamos a pensar sobre as razões que as pessoas têm para se dedicar ao voluntariado e como algumas vezes nos voluntariamos para obter benefícios pessoais. Foi natural examinar se esses motivos afetam a saúde.
Quais são, então, as características daqueles que são voluntários e vivem mais?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Em nossa análise, controlamos estatisticamente todos os tipos de variáveis que podem influenciar a longevidade, como idade, gênero, estado civil, saúde mental e física etc. Descobrimos que a motivação para o voluntariado importa mesmo quando todos esses fatores são considerados. Em outras
 
A co-autora do estudo,
Andrea Fuhrel-Frobis
palavras, não basta dizer que esses voluntários são mais saudáveis ou conectados à sociedade —eles simplesmente têm razões voltadas para os outros na hora de decidir ajudar terceiros.
Qual a relação entre o voluntariado e a vida mais longa, afinal? Qual o mecanismo por trás disso?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: As pessoas que ajudam outras por motivos altruístas como verdadeiramente ajudar terceiros, em oposição ao voluntariado para “sair de casa”, diminuem a reação cardiovascular e aumentam a produção de hormônios protetores como a oxitocina. Chamamos este conjunto de reações fisiológicas de “sistema de acolhimento”, pois é similar ao do cuidado da mãe com crianças. A ativação constante desse sistema provavelmente enfraquece os efeitos negativos de longo prazo do estresse, que são ligados a todo tipo de doença grave, como males cardiovasculares e câncer.
O voluntariado pode ser visto como uma troca e não só uma forma de ajudar o outro?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Racionalmente, o voluntariado envolve o fornecimento de um serviço a outra pessoa. Algumas vezes, oferecer este serviço possui custos para o voluntário -toma tempo e energia e pode ser estressante. É natural as pessoas pesarem custos e benefícios antes de decidirem ajudar. Apenas esperamos que as pessoas decidam voluntariar e que a razão que as mova seja predominantemente ajudar aos outros.
O que uma campanha de estímulo ao voluntariado deve focar?
Sara Konrath e Andrea Fuhrel-Forbis: Não há provas empíricas mostrando que as pessoas que são voluntárias pensando nos outros têm mais benefícios físicos, mas sentimos que as campanhas de recrutamento deveriam focar mais em como os voluntários podem ajudar a fazer a diferença na vida alheia do que no que eles podem receber como resultado da atividade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DEUS É BOM SEMPRE!!!!

Bom amigos,

    vocês tem acompanhado nosso caminhar por "vales de ossos secos" e sou grato a Deus por suas orações em favor a nossa familia. Saiba que são de muita importância para nos manter renovados a cada dia.  Como nós, há outras familias que também passam por momentos difíceis, saúde, finanças, familiar, relacionamentos e tantos outros problemas.  Somos orientados que "nesse mundo encontraríamos aflições e que deveríamos ter bom ânimo". É no Evangelho de João que encontramos no versículo 33 do capítulo 16, que aliás é o próprio Mestre de fala: "Tenho vos dito isso, par que em mim tenhais paz, no mundo tereis aflições, mas tende com ânimo; eu venci o mundo."   Deveríamos estar 'ligados' ou preparados para as aflições desse 'mundo', e dificulta ainda mais nossa perspectiva quando Jesus diz haver possibilidade de paz nesses momentos. Certo que somente nEle encontraremos essa paz.  sabemos que somente com uma vida de 'comunhão' ou conhecimento dEle haveremos de conseguir ter PAZ.  Mas somos de fato abalados e estremecidos quando há turbulência. Falta-nos Fé para permanecermos convictos em nosso caminhar. Não é confortável imaginar a respeito da possibilidade que somos passíveis de sofrimento nessa caminhada, não deveríamos ficar surpresos pois vivemos em um mundo caído e habitado por pecadores. Piora tudo quando nos relacionamos com pessoas que sofrem, não sabemos bem como assistir, pois não temos 
em nós mesmos respostas para o sofrimento humano. Até por que vendo o sofrimento no outro reproduzimos em nós a possibilidade de também sofrer. 
     Na Bíblia encontramos muitos textos que aborda questões do sofrimento, no entanto como não é algo 'interessante' sempre somos levados para textos de vitória e prosperidade. Complica ainda mais um pouquinho quando somos levados a querer compreender sobre a soberania divina e sem falar nos propósitos divinos em nossa caminhada (em nosso viver).  Deus é soberano sobre tudo e todos, até mesmo o sofrimento. Deveríamos em vez de alimentar questionamentos sobre Deus em relação ao sofrimento, experimentar Deus no sofrimento. (Êx 4:11; 1 Sm 2:2-7; Dn 4:34-35:Pv16:9; Sl 60:3 Is 45-7).
     Encontramos também na Bíblia que Deus é bom. Apesar de ser difícil compreender, Deus através de sua bondade está junto em nossas dores. ( Sl25.7-8; 34:8-10; 33:5; 100:5; 136; 145:4-9).   Veremos que o propósito de Deus em nosso viver em meio ao sofrimento, seja para nossa redenção, seja como uma ferramenta divina usada para operar Seu propósito redentor em nós ( Rom 8:17; 2 Co 1:3-6: Fp 2:5-9; Tg 1:2-8; 5:10-11).
Razões para o sofrimento: viver no mundo caido, a nossa natureza carnal, sofremos por causa de outros contra nós (preconceito e ataques pessoais), o inimigo de nossas almas e também pelo bom propósito divino ( Quem permitiu (autorizou) o sofrimento de JÓ ?).  Vivemos não para nossa glória pessoal e sim para Glorificar a Deus.  Nessa vida somos 'Embaixadores do Rei', uma frase que resume a vida de um cristão é essa ' não vivo eu, mas Cristo vive em mim (Apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas).  Como capelão hospitalar, sei perfeitamente que sou um 'sofredor' que foi chamado por Deus para ministrar a outras pessoas que sofrem (ainda aprendendo), devemos nos identificar com os que sofrem. Aprendo tendo como exemplo o Mestre, o maior capelão, o maravilhoso Conselheiro em passagens como Hb 2:10-12: " Ao levar muitos filhos à glória, convinha que Deus, por causa de quem e por meio de quem tudo existe, tornasse perfeito, mediante o sofrimento, o autor da salvação deles.  Ora, tanto o que santifica quanto os que são santificados provêm de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos. Ele diz: 'Proclamarei o teu nome a meus irmãos; na assembléia te louvarei".   Nessa passagem vemos Cristo se identificando conosco, estamos na mesma familia, uma identidade compartilhada. Estamos com Cristo na família daqueles que sofrem. " A essencia de nossa irmandade com Cristo e com outras pessoas é o sofrimento".

   DEUS É BOM SEMPRE!!!!

Segunda carta de Paulo a igreja em  Corinto: "Bendito seja o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdia e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angustia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.  Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo.  Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos. A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação.  Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foia cima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim em Deus que ressucita os mortos; o qual nos livrou e livrará de tão grande morte; quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos, ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso respeito, pelo beneficio que nos foi concedido por meio de muitos." ( 2 Co 1.3-11)

Di spõe sobre a c r iação do ser v i ço v o l u n t á r i o d e c a p e l a n i a h o s p i t a l a r .

http://spl.camara.rj.gov.br/spldocs/pl/2003/pl1207_2003_003171.pdf


C Â M A R A   M U N I C I P A L   D O   R I O   D E   J A N E I R O



Di spõe  sobre a  c r iação do  ser v i ço 
v o l u n t á r i o   d e   c a p e l a n i a   h o s p i t a l a r .  



A u t o r :   V e r .   E d i m í l s o n   D i a s
A   C â m a r a   M u n i c i p a l   d o   R i o   d e   J a n e i r o  
d   e   c   r   e   t   a :
Ar t .  1º  Fi ca  c r iado nos  hospi tai s  da  rede of i c ial  do muni c ípio o  ser v i ço  voluntár io 
de  capelania hospi talar .
A r t .   2 º  O  s e r v i ç o   d e   c a p e l a n i a   d e s t i n a-s e   a o   a t e n d ime n t o   e s p i r i t u a l   d e   p a c i e n t e s  i n t e r n a d o s   o u   em  t r a t ame n t o   amb u l a t o r i a l l   e   d e   s e u s   f ami l i a r e s .
P a r á g r a f o   ú n i c o .  O  s e r v i ç o   d e   a t e n d ime n t o   e s p i r i t u a l   s ome n t e   se                                                          
d a r á   p o r   s o l i c i t a ç ã o   d o   p a c i e n t e ;   o u   d e   s e u s   f ami l i a r e s ,   em  c a s o   d e   s e u impedimento.
A r t .   3 º   A   c a p e l a n i a   s e r á   e x e r c i d a  me d i a n t e   a   c e l e b r a ç ã o   d e   t e rmo   d e   a d e s ã o  a s s i n a d o   e n t r e   a   d i r e ç ã o   d e   c a d a   u n i d a d e   h o s p i t a l a r   e   o   p r e s t a d o r  d o   s e r v i ç o  voluntár io.
§ 1 º  O  s e r v i ç o   é   i n t e g r a lme n t e   s u b o r d i n a d o   à   d i r e ç ã o   d a   u n i d a d e ,   à   q u a lc o m p e t e :
I . d e c i d i r   s o b r e   a   c o n v e n i ê n c i a   d a   a s s i n a t u r a   d o   t e rmo   d e   a d e s ã o   t a l c o m o   p r o p o s t o ;



I I . a   q u a l q u e r   m o m e n t o ,   r e v o g a r   o   t e r m o   d e   a d e s ã o   e m   v i g o r   o u
s u s p e n d e r   t emp o r a r i ame n t e   o   s e r v i ç o ,   s e   a s s im  j u l g a r   n e c e s s á r i o   a o  
b om  a n d ame n t o   d o s   s e r v i ç o s   h o s p i t a l a r e s ,   d a n d o   c i ê n c i a   e
jus t i f i cat i va de  tal   fato à Sec retar ia Muni c ipal  de Saúde;
I I I . a c e i t a r   o u   n ã o   a s   i n d i c a ç õ e s   d o s   v o l u n t á r i o s — aux i l iares  e
v i s i t a d o r e s   —  f e i t a s   p el o   C a p e l ã o ,   d e t e rmi n a n d o-lhe a  subs t i tui ção 
daquele que por  qualquer  meio prejudi car ,  obs t rui r  ou  imi s cui r -s e   n o s  
s e r v i ç o s   d e   s a ú d e .
I V . e s t a b e l e c e r :  
a )   o   n úme r o   d e   v o l u n t á r i o s ;
b )   h o r á r i o   d o   a t e n d ime n t o ,   o b r i g a t o r i ame n t e   f o r a   d o s   h o r á r i o s   d e  
v i s i ta;  e
c) lim i t e s   f í s i c o s   d e   a t u a ç ã o   d o   s e r v i ç o ;
§ 2 º    O  v o l u n t á r i o   n ã o   p o d e r á ,   s o b   n e n h um  p r e t e x t o ,   t r a n s i t a r   p e l o
h o s p i t a l   f o r a   d o s   h o r á r i o s   e   á r e a   e s t a b e l e c i d o s .
§ 3 º   A   e q u i p e   t r a b a l h a r á   o b r i g a t o r i ame n t e   c om  u n i f o rme ,   em mo d e l o
di s t into daquele usado pelo  corpo  funci o n a l ,   e   p o r t a n d o   c r a c h á   d e
ident i f i cação espec í f i co da  função  fornec ido pela di reção do hospi tal ,
identificando-s e   s emp r e   q u e   s o l i c i t a d o   p o r   f u n c i o n á r i o   o u   p a c i e n t e .
A r t .   4 º   A   c a p e l a n i a   s e r á   o r i e n t a d a   p o r   um  C a p e l ã o   t i t u l a r   v o l u n t á r i o ,
p r e f e r e n c i a lme n t e ,  f o r m a d o   e m   T e o l o g i a .
§ 1º   -  N a   imp o s s i b i l i d a d e   d e   s e   a t e n d e r   a o   d i s p o s t o   n o   c a p u t ,   o   s e r v i ç o  
p o d e r á   s e r   c o o r d e n a d o   p o r   l e i g o   q u e   a p r e s e n t e   c o n d i ç õ e s   p a r a   t a l .
§ 2º   - O  s e r v i ç o ,   em  h i p ó t e s e   a l g uma ,     p o d e r á   e s t a r   v i n c u l a d o   a   q u a l q u e r  
rel igião espec í f i ca  e  a c e i t a r á   r e p r e s e n t a n t e s   d o s   d i f e r e n t e s   c r e d o s
e x i s t e n t e s   n o   p a í s ,   r e s p e i t a d o s   o s   p r e c e i t o s   d a   C o n s t i t u i ç ã o   F e d e r a l .
A r t . 5 º   A   e q u i p e   d a   c a p e l a n i a   s e r á   f o rma d a   p o r   v o l u n t á r i o s   s e l e c i o n a d o s   p e l o  
C a p e l ã o ,   o b s e r v a d a s   a s   s e g u i n t e s   c o n d i ç õ e s  mí n ima s :
I . e n t r e v i s ta   p e s s o a l   c o m   o   C a p e l ã o ,   e m   q u e   s e r á   e x p r e s s a   a   r a z ã o  
que o  faz  procurar  o  ser v i ço  voluntár io de  capelania hospi talar .
I I . par t i c ipação  integral  no  cur so bás i co de  capelania hospi talar .



P a r á g r a f o   ú n i c o .   É   c o n d i ç ã o   f u n d ame n t a l   p a r a   a   i n s c r i ç ã o   n o   c u r s o   b á s i c o  d e  
capelania hospi talar  a  ident i f i cação do  candidato  junto à di reção da unidade 
me d i a n t e   a   a p r e s e n t a ç ã o   d o s   i t e n s   s e g u i n t e s :
I . cédula of i c ial  de  ident idade;
I I . d u a s   f o t o s   r e c e n t e s ;
I I I . c omp r o v a n t e   d e   r e s i d ê n c i a .
A r t . 6 º  - São  responsabi l idades  do Capelão  t i tular :
I . mi n i s t r a r   c u r s o   d e   c a p e l a n i a   p a r a   i n t e r e s s a d o s   em  i n t e g r a r   a   e q u i p e  
d e   v o l u n t á r i o s ;
I I . s e l e c i o n a r   o s   v o l u n t á r i o s   d e   s u a   e q u i p e   e   s u p e r v i s i o n a r   s e u   t r a b a l h o ;
I I I . c o o r d e n a r   o   s e r v i ç o   d e   c a p e l a n i a   h o s p i t a l a r ,   r e s p o n d e n d o   p e l o
s e r v i ç o   j u n t o   à   d i r e ç ã o ;
I V . fornecer  à di r eção  relatór ios  bimes t rai s  ou quando  sol i c i tado;  e
V . a p r o v a r   o  ma t e r i a l   r e l a t i v o   a o s   s e r v i ç o s   d e   a t e n d ime n t o   e s p i r i t u a l   a  
ser  di s t r ibuído dent ro do hospi tal .
A r t . 7 º  O  c u r s o   b á s i c o   d e   c a p e l a n i a   h o s p i t a l a r   s e r á   r e a l i z a d o   p e r i o d i c ame n t e ,
s e m p r e   d e   a c o r d o   c o m   as   c o n v e n i ê n c i a s   d a   u n i d a d e   d e   s a ú d e ,   c om  d u r a ç ã o  
mí n ima   d e   7   h o r a s / a u l a   e   s e u   c o n t e ú d o   a b r a n g e r á   o r i e n t a ç õ e s   s o b r e   o   s e r v i ç o  
d e   c a p e l a n i a ,   n o ç õ e s   d e   a c o n s e l h ame n t o   r e l i g i o s o ;   a s s e p s i a   e   c omp o r t ame n t o  
ét i co no ambiente hospi talar .
A r t . 8 º   Em  h i p ó t e s e   a l g uma,  poderá um  voluntár io  imi s cui r -s e   n o s   p r o c e d ime n t o s  
r e g u l a r e s   d e   f u n c i o n ame n t o   e   a t e n d ime n t o   d o   h o s p i t a l ,   s em  a   e x p r e s s a
a u t o r i z a ç ã o   d a   d i r e ç ã o ,   o u   d e  mé d i c o   em  c a s o   d e   r i s c o   d e   v i d a .
§   1 º   S e r á   ime d i a t a   a   d i s p e n s a   e   r emo ç ã o   d o   h o s p i t a l   d e   i n t e g r a n t e   d a  
ca p e l a n i a   q u e   o f e r e c e r   q u a l q u e r   t i p o   d e   a l ime n t o ,   u s o   o u  ma n u s e i o   d e  
me d i c a ç ã o ,   i g u a lme n t e   p r o i b i d a   a  mo v ime n t a ç ã o   d e   p a c i e n t e ,   s em  o
c o n s e n t ime n t o   d e  mé d i c o   p o r   e l e   r e s p o n s á v e l .





§ 2 º  O  t r a b a l h o   d e  mé d i c o s ,   e n f e rme i r o s   e   a f i n s   s e r á   s emp r e   p r i o r i t á r i o   e  
s u a  o r i e n t a ç ã o   s e r á   a c a t a d a   p o r   t o d a   a   e q u i p e   d e   c a p e l a n i a .
Ar t .9º  A di reção do hospi tal  poderá des ignar  espaço  f í s i co a  ser  ut i l i zado pelo 
Capelão  t i tular  para ent rev i s tas ,   reuniões  e guarda do mater ial  ut i l i zado



A r t . 1 0 .  O  s e r v i ç o   v o l u n t á r i o   d e   c a p e l a n i a   h o s p i t a l a r ,   em  q u a l q u e r   n í v e l ,   n ã o   g e r a  
v í n c u l o   emp r e g a t í c i o ,   n em  o b r i g a ç ã o   d e   n a t u r e z a   t r a b a l h i s t a ,
prev idenc iár ia ou af im.
A r t . 1 1 .   E s t a   L e i   e n t r a   em  v i g o r   s e s s e n t a   d i a s   a p ó s   a   d a t a   d e   s u a   p u b l i c a ç ã o .
Plenário Teotônio Villela, 27 de fevereiro de 2003.
ED I M Í L S O N  DI A S
V e r e a d o r


Levando o amor de Cristo aos enfermos e necessitados

Capelania Hospitalar

Levando o amor de Cristo aos enfermos e necessitados

Ana Cleide Pacheco

Atuar nos hospitais levando o amor de Deus, Seu consolo e alívio num momento de dor. Esta é a principal missão da Capelania Hospitalar, que, através de gestos de solidariedade e compaixão, tem levado a Palavra de Deus não só aos pacientes, mas também aos seus familiares, sem esquecer ainda dos profissionais de saúde, tantas vezes vivendo situações de estresse ou mesmo passando por momentos difíceis. Os capelãos respeitam a religião de cada paciente sem impor nada, apenas levando a Palavra àqueles que desejarem.

De acordo com a capelã Valéria Cristina Henriques, trata-se de um trabalho gratificante. "É uma responsabilidade muito grande, pois assim como podemos ser bênção na vida do outro, podemos ser maldição também. Se passarmos ao doente a idéia de culpa – muitos entendem que a enfermidade é um forte indício de pecado oculto – ele pode se afastar ainda mais de Deus... Mas eu amo o que faço e é muito gratificante, apesar de partilhar de tanta dor e sofrimento".

Para Valéria, é um ministério com pontos positivos e negativos. Segundo ela, o saldo positivo é ver a transformação na vida das pessoas que descobrem o amor de Deus, Seu consolo verdadeiro e a paz que “excede a todo entendimento” em meio a tanta dor. O saldo negativo é ver quantas pessoas estão afastadas das igrejas, machucadas por doutrinas equivocadas, onde acabam longe de Deus, sem experimentar de uma intimidade maior com Ele e, nessa hora em que mais precisam dEle, sentem-se indignas de seu amor.

Diante dessa manifestação do amor de Deus, as reações são diversas. De acordo com Bruno Oliveira, pastor e bacharel em Teologia, especializado em Capelania Hospitalar, muitas não conseguem entender o que leva os capelães a serem voluntários nos hospitais e, muitas vezes, cumprir os horários mais à risca do que os próprios funcionários. "A Capelania reflete o amor de Deus às pessoas. Em um dos hospitais infantis onde atuamos, notamos que existia uma ociosidade entre as mães enquanto seus filhos faziam o tratamento. Criamos, então, um trabalho com artesanato que visa ocupar o tempo das mamães até o término das medicações dos filhos. Quando elas descobrem que nossa equipe é toda voluntária, ficam pasmas com tanto amor e dedicação. A equipe de Capelania só realiza esse trabalho porque acredita nesse amor".

Com relação às conversões, Bruno afirma que são inúmeras. "Temos vários testemunhos em que Deus transformou a vida das pessoas. Um que me marcou muito foi a da dona Josélia (nome fictício). Esta senhora tinha visto seu filho primogênito adquirir câncer e, em seu leito de morte, ouviu-o dizer: 'Mamãe, este fardo está muito pesado; eu não estou mais conseguindo carregá-lo...'. E ela lhe disse: 'Filho, descanse, pois eu vou levar este fardo para você!'. Surpreendentemente, encontrei dona Josélia, dez anos depois, em um dos nossos hospitais, também com câncer, no mesmo lugar onde o filho havia estado doente. Ela repetia para mim a mesma fala do seu filho: 'Este fardo está muito pesado; não estou conseguindo...'. Apresentei para dona Josélia o texto bíblico 'Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei... O meu jugo é suave e o meu fardo é leve...', e em seguida lhe fiz o convite para deixar Jesus carregar o seu fardo. Como foi bom naquele dia ver dona Josélia entregar sua vida a Jesus. Ela faleceu três meses depois e suas últimas palavras para mim foram: 'Eu vou me encontrar com você lá no céu...' Fico pensando quantas donas 'Josélias' existem em nossos hospitais precisando descobrir que Deus é capaz de carregar nossas cargas e nos dar uma paz que não depende das circunstâncias externas".

Serviço: Existem cursos para treinar pessoas que sentem no coração o desejo de se envolver com esse tipo de trabalho. Os treinamentos são realizados pela Capelania Hospitalar Evangélica do Rio de Janeiro (CAHERJ) e pela Associação de Capelania Hospitalar Evangélica (ACEH), que tem sua sede em São Paulo e coordena capelanias em todos os estados do país e em mais doze países. A CAHERJ é representante da ACEH no Rio de Janeiro e oferece vários cursos para visitadores e para capelães hospitalares. Informações sobre datas dos cursos podem ser adquiridas através do e-mail acaherj@gmail.com.

domingo, 18 de setembro de 2011

A ÚLTIMA GRANDE LIÇÃO

A ÚLTIMA GRANDE LIÇÃO*
Por: Mitch Albom
http://www.ufpel.tche.br/medicina/bioetica/cuidadospaliativosetanatologia.pdf


O sentido da vida é um livro baseado nas entrevistas sucessivas de um jornalista com o seu velho professor, portador de esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), durante a fase do processo do morrer.

A Ela é como vela acesa: derrete os nervos e deixa o corpo como uma estalagmite de cera. Geralmente começa nas pernas e vai subindo. A pessoa perde o comando dos músculos das coxas e não agüenta ficar de pé. Perde o comando dos músculos do tronco e não consegue sentar-se ereta. No fim, se continua viva, respira por um tubo introduzido num orifício aberto na garganta; e a alma, perfeitamente alerta, fica aprisionada numa casca inerte, podendo talvez piscar, estalar a língua, como coisa de filme de ficção
científica – a pessoa congelada no próprio corpo. Isso não dura mais de cinco anos, contados do dia em que se contraiu a doença.
Os médicos deram a Morrie mais dois anos. ele sabia que seria menos. Mas o meu velho professor havia tomado uma decisão importante, na qual começara a pensar no dia em que saiu do consultório do médico com uma espada sobre a cabeça. Vou me entregar e sumir, ou aproveitar da melhor maneira o tempo que me resta? – indagou a si mesmo.
Não ia se entregar. não ia se envergonhar de sua morte decretada. decidiu que faria da morte o seu derradeiro projeto, o ponto central de seus dias. Já que todos vão morrer um dia, ele poderia ser de grande valia. Podia ser um campo de pesquisa. um compêndio humano. Estudem-me em meu lento e paciente processo de extinção. Observem o que acontece comigo. Aprendam comigo.
Morrie ia atravessar a ponte entre a vida e a morte e narrar a travessia.
estar morrendo é apenas uma circunstância triste, Mitch. viver infeliz á diferente. Muitas das pessoas que me visitam são infelizes.
Por quê?   Porque a cultura que temos não contribui para que as pessoas estejam satisfeitas com elas mesmas. estamos ensinando coisas erradas. E é preciso ser forte para dizer que, se a cultura não serve, não interessa ficar com ela. Que é melhor criar a sua própria. A maioria das pessoas não consegue fazer isso. são mais infelizes do que eu, mesmo na situação em que estou. Posso estar morrrendo, mas cercado de almas amorosas e dedicadas. Quantos podem dizer o mesmo?
Fiquei impressionado com a completa falta de autocomiseração. Este Morrie que não pode mais dançar, nadar, tomar banho, andar a pé, este Morrie que não pode mais atender à porta, não pode se enxugar depois do banho, nem mesmo se virar na cama – como pode ser tão resignado? eu o vi atrapalhado com o garfo, tentando pegar uma fatia de tomate, ela escapulindo por duas vezes, uma cena patética e, no entanto, tenho de reconhecer que a presença dele transmite uma serenidade mágica.
Perguntei se ele ainda se interessava pelo noticiário.
Claro. acha isso estranho? acha que por estar perto da morte eu deva me desinteressar pelo que se passa no mundo?
Quem sabe.
Ele suspirou fundo e disse: Você pode ter razão. Talvez não devesse me interessar. Afinal, não estarei mais aqui para ver os desfechos. Mas é difícil explicar, Mitch. agora que estou sofrendo, sinto-me mais perto das pessoas que sofrem do que sentia antes. outra noite, vi na televisão pessoas na bósnia correndo nas ruas, levando tiros, morrendo, vítimas inocentes e chorei. sinto a angústia delas como se fosse minha. Não conheço nenhuma delas, mas… como dizer, sou quase… atraído para elas.
Os olhos dele ficaram marejados. Tentei mudar de assunto, ele enxugou o rosto e fez sinal para que eu não ligasse.
Hoje em dia choro muito – disse. – não ligue.
Espantoso, pensei. eu trabalhava com notícias. entrevistei famílias enlutadas. até fui a enterros. nunca chorei. e Morrie, pelo sofrimento de pessoas lá no outro lado do mundo, estava chorando. Será isso o que acontece quando chega o fim? talvez a morte seja a grande equalizadora, o grande evento que consegue finalmente fazer estranhos chorarem por outros”.
“todo mundo vai morrer – repetiu Morrie -, mas ninguém acredita. se acreditássemos, mudaríamos nosso comportamento.de que maneira nos iludimos a respeito da morte – sugeri.isso. Mas há uma abordagem melhor. saber que se vai morrer e preparar-se para receber a morte a qualquer momento. assim é melhor. Assim, podemos ficar mais envolvidos com a vida que vivemos.
Como podemos nos preparar para morrer? – perguntei.
Fazendo como os budistas. No começo de cada dia ter um passarinho pousado no ombro, que pergunta: “É hoje que vou morrer? estou preparado? estou fazendo tudo o que preciso fazer? estou sendo a pessoa que quero ser?virou a cabeça para o ombro, como se o passarinho estivesse lá.
É hoje que vou morrer? repetiu.
Tem havido enorme confusão neste país quanto àquilo que queremos, em face do que precisamos – disse Morrie. Precisamos de alimento, e queremos um sorvete de chocolate. Precisamos ser honestos com nós mesmos. ninguém precisa do último carro esporte, ninguém precisa daquela casa maior.
Essas coisas não trazem satisfação. sabe o que realmente traz satisfação?

o quê?
Oferecer aos outros o que temos para dar.
Parece conversa de escoteiro.
Não falo de dinheiro, Mitch. Falo de tempo útil. de interesse por outros. de contar-lhes histórias. não é tão difícil. abriram aqui perto um centro para a terceira idade. dúzias de idosos vão a ele todos os dias. Qualquer jovem, homem ou mulher, que domine um conhecimento, é convidado a ir lá ensiná-lo. Computação, por exemplo. você vai lá e ensina computação. será recebido de braços abertos. E eles ficam muito agradecidos. É assim que se começa a inspirar respeito, oferecendo alguma coisa que se tem.
Há muitos lugares onde se pode prestar esses serviços. não é preciso ser craque em algum ramo. existe gente solitária em hospitais e abrigos que só almeja companhia. Quem joga baralho com um velhinho solitário adquire um novo respeito por si mesmo.
Porque tornou-se necessário.
Lembra-se do que eu disse a respeito de achar um sentido para a vida? Tomei nota, mas já sei de cor: dedique-se a amar a outros,
dedique-se à sua comunidade, empenhe-se em criar alguma coisa que dê sentido e significado à sua vida.
Notou – acrescentou sorrindo – que não se fala aí de salário?
Mitch, se você está querendo se exibir para pessoas que estão por cima, desista. Faça o que fizer, elas olharão para você com superioridade. e se está querendo se exibir para os que estão por baixo, desista também. eles invejarão você, só isso. Posição não leva a nada. Só um coração aberto permite à pessoa flutuar em igualdade entre os semelhantes.
Fez uma pausa, olhou para mim. – estou morrendo, certo?
Certo.
Por que acha que é tão importante para mim escutar os problemas dos outros? Já não estou carregado de dor e sofrimentos? É claro que estou. Mas doar-me a outros é o que me faz sentir vivo. não é a minha casa nem o meu carro. não é o que o espelho me mostra. Quando dôo o meu tempo a alguém, quando consigo fazer alguém que está triste sorrir, sinto-me quase tão sadio como fui antes.
Faça aquilo que vem do coração. Fazendo, não ficará insatisfeito, não sentirá inveja, não estará aspirando a bens que pertenceram a outros. Pelo contrário, ficará assombrado com o que receberá de volta.
O problema Mitch é não acreditarmos que os seres humanos são parecidos. brancos e negros, católicos e protestantes, homens e mulheres. se olhássemos uns para os outros como iguais, talvez sentíssemos o desejo de nos unirmos, formando uma grande família humana no mundo, e nos dedicarmos a essa família com nos dedicamos à nossa família particular.
Mas quando se está morrendo vê-se quanto isso é verdadeiro. Todos temos o mesmo começo, o nascimento, e o mesmo fim, a morte. Assim, onde ficam as grandes diferenças?
investir na família humana. investir em gente. Formar uma pequena comunidade com aqueles que amamos e que nos amam.

“Perdoe a si mesmo antes de morrer. depois perdoe os outros.”

* de o sentido da vida. Mitch albom. rio de Janeiro, gMt, 1998

SOBRE A MORTE E O MORRER

SOBRE A MORTE E O MORRER
                                                                                                                    Por: Rubem Alves
                                                                                      Coletânea de textos sobre Cuidados Paliativos e tanatologia
                                                                                        http://www.ufpel.tche.br/medicina/bioetica/cuidadospaliativosetanatologia.pdf



Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: “Morrer, que me importa? (...) o diabo é deixar de viver.” a vida é tão boa! não quero ir embora...
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: “papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?”. Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: “não chore, que eu vou te abraçar...” ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.
Cecília Meireles sentia algo parecido: “E fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. nem barcas, nem gaivotas. apenas pobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida seja só isto...”
da. Clara era uma velhinha de 9 anos, lá em Minas. vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante.
“Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...”
Mas tenho muito medo de morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados em meu corpo, contra a minha vontade, já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.
Mas a medicina não entende. um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. as dores eram terríveis. era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se então, ao médico: “O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos?”.
O médico olhou-o com olhar severo e disse: “O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?”.
Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.
Um outro velhinho querido, 9 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama – de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir o seu dever; debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.
Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. eu também, da minha forma, luto pela vida. a literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. aprendi com albert schweitzer que a “reverência pela vida“ é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os zigue-zagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
Muitos dos chamados “recursos heróicos” para manter vivo o paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da “reverência pela vida”. Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: “Liberta-me”.
Comovi-me com o drama do jovem francês vincent Humbert, de anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. e foi assim que escreveu um livro em que dizia: “Morri em 24 de setembro de 2000 desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...”. implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua
mãe realizou seu desejo. a morte o libertou do sofrimento.
Dizem as escrituras sagradas: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer”. A morte e a vida não são contrárias. são irmãs. a “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.
Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a “morienterapia”, o cuidado com os que estão morrendo. a missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe das UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a “Pietá” de Michelângelo, com o Cristo morto nos seus braços. nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.