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Capelania Evangélica do Rio de Janeiro

domingo, 4 de novembro de 2012

O título e conceito de Messias (Christos = Mãsîah = ungido)


MINHAS aNOTAÇÕES PARA ESTUDO

O título e conceito de Messias (Christos = Mãsîah = ungido), historicamente falando, senão teologicamente, é o mais importante de todos os conceitos cristológicos, porque se tornou o modo central de designar a compreensão cristã da pessoa de Jesus.
Christos, que é propriamente um título designativo de “ungido”, tornou-se logo um nome próprio.  Jesus tornou-se conhecido não só como Jesu, O Cristo ou Messias (At.3:20), mas como Jesus Cristo ou Cristo Jesus. Só ocasionalmente Paulo fala de Jesus; quase sempre usa o nome composto; e refere-se com mais freqüência a “Cristo” do que a “Jesus”.  Embora não possamos ter certeza, parece que Christos tornou-se um nome próprio quando o evangelho de Jesus como o Messias fez as primeiras incursões no mundo gentílico.
O povo esperava um messias político, libertador. Jesus libertador espiritual.
Na organização do Antigo Testamento, várias pessoas foram ungidas com óleo e, em decorrência, separadas para cumprir alguma função divinamente ordenada na teocracia, sacerdotes (Lv4:3; 6:22), reis (1 Sm. 24:10; 2 Sm 19:21; Lm 4:20), e possivelmente os profetas (1 Rs. 19:16).  Esta unção indicava uma designação divina para o ofício teocrático em questão e, por conseguinte, indicava que, em virtude da unção, as pessoas ungidas pertencia a um círculo especial de servos de Deus e que suas pessoas eram sagradas e invioláveis (1 Cr. 16:22).
O termo isolado “O Messias” não ocorre de forma alguma no Antigo Testamento.  A palavra sempre tem um genitivo ou sufixo qualificativo, como “ o messias de Jeová”, ou “meu messias”.  Alguns estudioso insistem que em parte alguma do Antigo Testamento o vocábulo messias é aplicado a um rei escatológico. Esta, conclusão, entretanto,  é questionável. Em Salmos 2:2, o título parece referir-se a um rei messiânico.  Este é o uso messiânico mais destacado da palavra, no Antigo Testamento.
A IDÉIA MESSIÂNICA NO JUDAISMO: o reino desejado é terreno e político em sua forma, embora um tom fortemente religioso possa ser percebido.
A EXPECTATIVA MESSIÂNICA NOS EVANGELHOS:  é bastante notório que o povo esperava que um messias aparecesse (Jo. !:20,41; 4:29; 7:31; Lc 3:15). Ele deveria ser um filho de Davi (Mt.21:9; 22:42), e, mesmo que soubessem que deveria nascer em Belém. (Jo.7:40-42; Mt. 2:5), havia uma tradição que dizia que deveria aparecer repentinamente entre o povo a partir de um origem obscura (Jo. 7:26-27). Quando o Messias aparecesse, permaneceria para sempre (Jo. 12:34).
O elemento mais importante nessa expectativa é que o messias seria o rei davídico.
O povo desejava como seu messias um líder poderoso que sobrepujasse Roma.  No auge de sua popularidade, quando Jesus já havia manifestado o poder divino que nele habitava, por meio da multiplicação dos pães e dos peixes, para alimentar cinco mil pessoas, um movimento espontâneo surgiu, no qual as multidões tentaram tomar Jesus pela força, para fazê-lo rei (Jo. 6:15), na esperança de Ele pudesse ser persuadido a empregar seus notáveis poderes para derrubar o jugo pagão e livrar o povo de Deus de sua odiosa escravidão e, dessa forma, inaugurar o Reino de Deus.  Se o propósito de Jesus tivesse sido oferecer aos judeus esse reino davídico, político e terreno, eles teriam aceito de imediato e estariam dispostos a segui-lo até a morte, se necessário fosse. Desejavam um rei para libertá-los de Roma, não um salvador para redimi-los dos seus pecados.
Assim, como parece ser o caso, “messias” sugeria às mentes dos judeus um filho real de Davi, que seria ungido por Deus para trazer o livramento político do jugo dos pagãos a Israel e para estabelecer o reino terreno.  Assim, fica evidente, de imediato, que seria necessário que Jesus utilizasse o termo com a maior reserva possível.  O messiado  que Jesus veio exercer foi de um caráter bem diferente daquilo que o termo sugeria à mentalidade popular, ... , podemos compreender por que razão Ele não fez um uso extensivo de um termo que sugeria à mentalidade popular algo bem diferente daquilo que Jesus pretendia.
O FILHO DE DAVI:  O Antigo Testamento aguardava um rei que  seria da descendência de Davi (Jr. 23:5; 33:15).   No judaísmo pós-cristão, a expressão “Filho de Davi” ocorre com freqência como um título do Messias. Em várias ocasiões, Jesus foi reconhecido como o Filho de Davi, segundo a narrativa de Mateus (Mt.9:27; 12:23; 15:22; 20:30).   Esse título aparece somente uma vez em Marcos (10:47), pois teria menos significado para uma audiência gentílica do que para leitores judaicos.  Está claro em Romanos 1:3 que Jesus foi reconhecido como descendente de Davi: “...da descendência de Davi segundo a carne”.
Mateus 22:41-46; Marcos 12:35-37 – Jesus tomou a ofensiva contra os líderes judaicos com a pergunta  ”Como dizem os escribas que o Cristo é Filho de Davi? O próprio Davi desse pelo Espírito Santo: O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.  Pois, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho?”   Alguns estudiosos interpretam esta passagem como uma rejeição completa da filiação davídica.  Isto é improvável, pois a descendência davídica do Messias nunca foi negada nos escritos cristãos do primeiro século.  Outros a interpretam como se o significado fosse de que a filiação davídica não tem valor na missão messiânica de Jesus.  Uma melhor interpretação é que Jesus está acusando os escribas de uma interpretação do Messias inadequada.  O próprio Davi escreveu: “Disse o SENHOR (Deus) ao meu Senhor ( o Rei messiânico): Assenta-te à minha mão direita”.  Não há, certamente, uma resposta racional à seguinte questão: Como o Messias pode ser o Filho de Davi, se ele é também o Senhor de Davi, pelo menos, conforme as pressuposições dos escribas?  Aqui Jesus toca no verdadeiro segredo messiânico. “ Parece ( Mc. 12:35-37), embora a passagem não afirme a reivindicação, que Jesus é sobrenatural em dignidade e em origem, e que sua filiação não é simplesmente uma mera questão de descendência humana.
Esta é a indicação para o uso que Jesus fez do termo messias.  Ele Ra o Messias, mas não o conquistador guerreiro das esperanças judaicas daquela época.  Evitou o título em virtude de suas implicações nacionalistas com referências aos judeus; na ocasião aceitou o título, porém reinterpretou-o, particularmente por meio do uso que fez do termo “Filho do Homem”.
Historicamente, há muitas razões para aceitarmos a precisão da tradição dos Evangelhos.  Jesus iniciou um movimento que levou muitas pessoas a crerem que ele era o “messias”.  Ele reivindicou ser aquele que estava cumprindo as promessas messiânicas do Antigo Testamento  (Lc. 4:21; Mt.11:4-5), por intermédio de quem o Reino de Deus está presente no mundo ( Lc. 11:20 e Mt. 12:28).  O Sinédrio interrogou-o, pois procurava saber se era o Messias, e enviou-o a Pilatos sob a acusação de pretender ser um rei messiânico.  Jesus foi crucificado devido a esta última acusação.  A categoria de messiado foi considerada tão importante, que Christos converteu-se em um nome próprio.  A memória da igreja reconheceu-se claramente como o Messias.
A explicação mais natural para esses fatos é que Jesus agiu como o Messias; contudo um Messias muito diferente das expectativas judaicas daquela época.  È difícil crer que Jesus tenha desempenhado um papel de forma involuntária, do qual não tivesse consciente.  Ele, certamente, sabia que era o Messias.

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