Capitulo 9
- O Messias
Messias era um título
para identificar Jesus.
Christos, que é
propriamente um título designativo de “ungido”, tornou-se logo um nome próprio.
Cristo passou a ser nome próprio quando o evangelho chegou ao mundo gentílico.
Jesus morrendo na
cruz, era algo horrendo, representava a violação mais baixa na escala da
pirâmide social. Seu sacrifício foi abrangente a toda a humanidade.
Na organização do
Antigo Testamento, várias pessoas foram ungidas com óleo e, em decorrência,
separadas para cumprir alguma função divinamente ordenada na teocracia. Esta
unção indicava uma designação divina para o ofício teocrático em questão e, por
seguinte, indicava que, em virtude da unção, as pessoas ungidas pertenciam a um
círculo especial de servos de Deus e que suas pessoas eram sagradas e
invioláveis ( 1 Cr. 16.22).
O termo isolado “o
Messias” não ocorre de forma alguma no Antigo Testamento. A palavra sempre tem
um genitivo ou sufixo qualificativo, como “o messias de Jeová”, ou “meu
messias”. Em Salmos 2:2, o título parece
referir-se a um rei messiânico. Este é o uso messiânico mais destacado da
palavra, no Antigo Testamento.
O uso mais
primitivo do vocábulo “messias”, em um contexto messiânico, é o encontrado no
cântico de Ana ( 1 Sm. 2:10), quando ela ora: “O Senhor julgará as extremidades
da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder dos eu ungido”. Esta profecia projeta-se além do seu
cumprimento imediato na casa de Davi e de Salomão até o seu cumprimento
escatológico no grandioso Rei messiânico, o Filho de Davi. Na maior parte das
profecias que fazem referência futura ao último Rei davídico, o termo “messias”
não é aplicado a este rei. Há,
entretanto, um grande número de importantes profecias que fazem referencia
futura ao domínio de um rei davídico. A
profecia em 2 samuel 7:12 e SS., promete que o reino de Davi permanecerá para
sempre.
A palavra
“messias” não ocorre com grande freqüência na literatura do período
intertestamentário. O Reino desejado é
terreno e político em sua forma, embora um tom fortemente religioso possa ser
percebido. O povo esperava um Messias político e libertador. Jesus, porém, veio
como libertador espiritual que nasceu em Belém, descedente de Davi, tendo seu
reino para sempre e também sendo Rei terreno davítico.
A
comunidade de Qumran esperava dois ungidos: um sacerdote ungido (de Arão) e um
rei ungido de (Israel). O messias sacerdotal recebeu a supremacia sobre o
messias real, porque os sectários de Qumran eram derivados de uma origem
sacerdotal e exaltaram seu ofício.
Entretanto, o messias davídico desempenha um importante papel em sua
expectativas. “não faltará monarca à tribo de Judá quando Israel governar, e
não faltará um descedente que se assente no trono de Davi. Pois o cetro do
comandante é a aliança do reinado, e os pés são os milhares de Israel. Até que o Messias da Justiça venha, o Renovo
de Davi; pois a Ele e à sua semente foi dado a aliança do reino de seu povo por
todas as gerações”.
As
Similitudes de Enoque apresentam um conceito diferente: um filho do homem
preexistente, divino e sovrenatural, que foi mantido na presença de Deus até o
tempo próprio, e que depois estabeleceria o Reino de Deus sobre a terra.
Obviamente, isto é uma interpretação da midrash de “um como o filho do homem”, em
Daniel 7:13.
O Messias
é mencionado em dois apocalipse do primeiro século de nossa era. Entretanto, na
literatura rabínica como um todo, o messias real davídico torna-se a figura
central na esperança messiânica, ao passo que o termo Filho do Homem deixa de
ser utilizado.
Muitos
estudiosos da esperança messiânica judaica omitem uma das fontes mais
importante: os próprios Evangelhos. Ele
deveria ser um filho de Davi (Mt.21.9), e, mesmo que soubessem que deveria
nascer em Belém, havia uma tradição que dizia que deveria aparecer
repentinamente ente o povo a partir de uma origem obscura (Jo.7:26-27). Quando o Messias aparecesse, parmaneceria
para sempre ( Jo. 12:34)
O elemento
mais importante nesse expectativa é que o messias seria o rei davídico. O povo
desejava como seu messias um líder poderoso que sobrepujasse Roma. No auge de sua popularidade, quando Jesus já
havia manifestado o poder divino que nele habitava, por meio da multiplicação
dos pães e dos peixes, para alimentar cinco mil pessoas, um movimento
espontâneo surgiu, no qual as multidões tentaram tomar Jesus pela força, para
fazê-lo rei (Jo. 6.15), na esperança de que Ele pudesse ser persuadido a
empregar seus notáveis poderes para derrubar o jugo pagão e livrar o povo de
Deus de sua odiosa escravidão e, dessa forma, inaugurar o Reino de Deus.
Se o
propósito de Jesus tivesse sido oferecer aos judeus esse reino davídico,
político e terreno, eles o teriam aceito de imediato e estariam dispostos a
segui-lo até a morte, se necessário fosse, para verem a inauguração desse
reino. Desejavam um rei para libertá-los de Roma, não um salvador para
redimi-los dos seus pecados.
Assim,
como parece ser o caso, “messias” sugeria às mentes dos judeus um filho real de
Davi, que seria ungido por Deus para trazer o livramento político do jugo dos
pagãos a Israel e para estabelecer o reino terreno. Assim, fica evidente, de
imediato, que seria necessário que Jesus utilizasse o termo somente com a maior
reserva possível. O messiado que Jesus
veio execer foi de um caráter bem diferente daquilo que o termo sugeria à
mentalidade popular. Pode-se compreender por que razão Ele não fez uso muito
extensivo de um termo que sugeria à mentalidade popular algo bem diferente
daquilo que Jesus pretendia.
A palavra
Christos, com bem poucas exceções, aparece nos quatro Evangelhos como um
título, e não como um nome próprio.
Jesus
começou a ensinar aos seus discípulos que deveria sofrer e morrer.
O Antigo
Testamento aguardava um rei que seria descendência de Davi ( Jr.23:5; 33:15). O
ungido do Senhor nos Salmos de Salomão é o Filho de Davi (Salmos de Salomão
17:23). No judaísmo pós-cristão, a
expressão “Filho de Davi” ocorre com freqüência como um título do Messias. Em
várias ocasiões, Jesus for reconhecido como o Filho de Davi, segunda narrativa
de Mateus. Este título aparece somente
uma vez em Marcos (10:47), pois teria menos significado para uma audiência
gentílica do que para leitores judaicos. Está claro em Romanos1:3 que
Jesus foi reconhecido como descendente de Davi:”...
da descendência de Davi segundo a carne”.
Satanás vendo Jesus
morrendo na cruz teve um sentimento de tristeza, não estava sendo consumada a
derrota de Jesus.
Capitulo 10
- O Messias
Do ponto de vista
teológico, uma das designações messiânicas mais importantes nos Evangelhos
Sinóticos é o Filho do homem. Três fatos são de importância superlativa. Na
tradição registrada nos evangelhos o Filho do Homem foi o modo favorito de
Jesus fazer referência a si próprio; de fato, é o único título que ele utiliza
livremente. Em segundo lugar, o título nunca é usado por ninguém mais designar
a Jesus. Em terceiro lugar, não há evidência em Atos ou nas epístolas de que a
igreja primitiva tenha chamado Jesus de Filho do Homem. A única ocorrência do
título fora dos Evangelhos é a encontrada na visão de Estevão (At.7:56). O fato
de que o título nunca tenha sido usado como uma designação messiânica para
Jesus na igreja primitiva, é algo marcante.
Os patriarcas da
igreja interpretaram a frase como uma referência primária à humanidade do Filho
de Deus encarnado. Muitas das discussões e comentários mais antigos assumem
este significado teológico da frase, interpretando-a como se fundamentalmente
fizesse referência à humanidade de Jesus e à sua identidade com o seres humanos.
Essa interpretação incorre em erro, porque negligencia o contexto histórico e a
importância da expressão.
Um objeção à descrição
encontrada nos Evangelhos é que Jesus jamais poderia ter aplicado este título a
si mesmo, em virtude do título não existir em aramaico – a língua materna de
Jesus – e, por razões lingüísticas, o termo é considerado como um vocábulo
impossível. É verdade que a expressão idiomática pode simplesmente significar
“homem”.
Outra objeção
suscitada diz que a frase “Filho do Homem” nos lábios de Jesus não tem outro
significado senão o de funcionar como substituto para o pronome da primeira
pessoa, e, conseqüentemente, não tem outro significado além de “EU”.
A expressão “Filho do
homem” não é incomum no Antigo Testamento, utilizada simplesmente par designar
a humanidade. A expressão ocorre no livro de Ezequiel como o nome particular
pelo qual Deus se dirige ao profeta. Alguns intérpretes concluíram que o
contexto para o uso que Jesus fez da expressão encontra-se em Ezequiel.
Nas similitudes de
Enoque (1 Enoque 37-71), o Filho do Homem tornara-se um título messiânico de
uma figura divina preexistente, que desce à terra para sentar-se sobre o trono
do juízo, para destruir os ímpios da terra, para libertar os justos e para
reinar em um reino de glória, quando os justos serão revestidos dos paramentos
de glória e de vida e entrarão em uma abençoada relação de comunhão com o Filho
do Homem para todo o sempre.
Nos evangelhos ninguém
mais usou esse termo além de Jesus. Fora do evangelhos foi usado por Estevão.
Houve uma
interpretação distinta se referindo a humanidade de Jesus:
1ª.) objeção – Jesus jamais poderia aplicado esse título a si
mesmo pois não existia na língua materna de Jesus, aramaico
2ª.) Objeção – nos lábios de Jesus, essa expressão significava
“EU” (pronome)
Nos Evangelhos a
expressão Filho do Homem poderia ser caracterizado em 3 caegorias:
- terreno = embora
humano, ainda assim Messias
- sofredor = Messias
sofreu
- Apocalíptico =
aquele que virá em sua Glória.
Embora Jesus fosse
meramente humano, mas não somente humano. Servo na terra, visto no sofrimento e
na glória eterna.
Jesus reivindicou ser
o Messias, ao designar a si mesmo como o Filho do Homem; mas, pelo modo como
usou o termo, indicou que seu messiado era de um tipo muito diferente daquele
que era popularmente aguardado. A frase “Filho do Homem” permitiu-lhe
reivindicar possuir dignidade messiânica, mas também interpretar aquele ofício
messiânico a seu próprio modo. Foi uma
reivindicação, portanto, que não seria porntamente reconhecida pelas pessoas
que possuíam um conceito errôneo do Messias, mas que, sem dúvida, foi utilizada
com o propósito de alertar aqueles que foram espiritualmente responsivos à
presença real do Messias, muito embora em uma função messiânica jamais
prevista.
Capitulo 11
- O Filho do Deus
A expressão “Filho de
Deus” assume na Bíblia vários significados: 1)Nativista = tange a criação = Adão, todos são filhos de
Deus nessa visão. ( tudo que foi criado por Deus; 2)Moral religioso = relacionado a adoção = Israel povo
eleito. Foram adotados, Igreja; 3)Teológico
= é o próprio Jesus. Só pode se utilizado por Jesus; 4)Messiânico = Reis, da linhagem de Davi (II Sam. 7.14). Por
esse modo os judeus acreditavam que o messias deveria vir como um governador =
rei terreno.
A expressão messiânica
“O Filho de Deus” é a mais importante no estudo da auto-revelação de Jesus. Na
história do pensamento teológico, essa expressão conota a divindade essencial
de Jesus Cristo. Ele é o Filho de Deus, ou seja, Deus o Filho, a segunda pessoa
da Trindade.
Uma criatura de Deus
poder ser denominada filho de Deus em um sentido nativista em virtude de dever
sua existência à atividade criativa imediata de Deus.
Na segunda maneira, a
expressão “filho de Deus” pode ser usada para descrever a relação que os homens
podem manter com Deus como os objetos peculiares de seu cuidado amoroso. Este é
o uso moral-religioso e pode ser aplicado tanto às pessoas em geral com à nação
de Israel.
Em terceiro
significado é messiânico; o rei da linguagem de Davi é designado como filho de
Deus ( 2Sm. 7:14). Esse uso não envolve uma implicação necessária quanto à
natureza divina do personagem messiânico; o termo refere-se à posição oficial
de Messias.
Um quarto significado
é o teológico. Na revelação contida no Novo Testamento e na teologia cristã que
se desenvolveu posteriormente, a expressão “Filho de Deus” veio a ter um
significado mais elevado: Jesus é o Filho de Deus porque Ele é Deus e participa
da natureza divina.
Jesus apresentou-se
como Filho de Deus de um modo único, pois estava separado de todos os outros
seres humanos no sentido de que partilhava de uma unicidade com Deus, algo
impossível aos seres humanos comuns.
Filho do homem – mais importante no ponto de vista teológico
auto-revelação
Filho de Deus
– mais importante no ponto de vista no estudo da auto-revelação de Jesus como
Messias.
Resumo
dos capítulos 9,10 e 11 do livro Teologia NT – G.E. Ladd - HAGNOS
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