Luto, espiritualidade e câncer estiveram em discussão ontem,
no II Congresso Cearense de Psico-Oncologia
Luto, espiritualidade e câncer foi o tema de uma das
mesas-redondas da programação deste domingo do II Congresso Cearense de
Psico-Oncologia. Sob a coordenação dos psicoterapeutas Antonio Trajano e Júlia
Kovacs, quatro especialistas abordaram os desafios atuais que a recente área
psico-oncológica enfrenta no acompanhamento dos pacientes com câncer e seus
familiares.
No Ceará, a Psico-Oncologia tem sido encaminhada com curso
de especialização promovido pelo Hospital do Câncer, já em sua terceira turma.
A dimensão da espiritualidade, pouco compreendida pela especialidade médica
oncológica, tem na Psicologia sua porta de acesso.
Para a médica neonatologista e professora da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Eliane Oliveira, que abordou a
‘‘Espiritualidade no Morrer’’, o câncer tem sido um dos graves e complexos
problemas que tem conduzido a mudanças nas escolas médicas, a partir de um
repensar do paradigma reducionista mecanicista newton-cartesiano.
Uma das introdutoras e coordenadoras da disciplina
‘‘Medicina e Espiritualidade’’, a médica revela já está na hora de parar de
formar biotécnicos e dar aos médicos outra formação. As pressões dos movimentos
sociais em prol da humanização dos tratamentos de saúde tem movido os
profissionais a este repensar sua prisão no racionalismo científico.
Para ela, o paradigma quântico tem oferecido uma
contribuição também à área da saúde, abrindo a perspectiva para a
transdisciplinaridade, o que engloba outras áreas do saber, além da ciência: a
arte, a religião e as próprias experiências humanas, que são individuais (cada
ser é único, não um número estatístico).
Quando se fala melhorar a qualidade de vida dos pacientes
oncológicos, a médica anuncia também uma mudança da perspectiva materialista e
utilitarista do termo para uma mais abrangente, que é a dignidade de vida:
´Todos temos direitos à dignidade, em todas e quaisquer circunstâncias´.
No tocante à espiritualidade, a médica se anuncia uma
aprendiz, embora já não siga a cartilha médica que considera a morte como
fracasso e sim como processo natural.
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